«Não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos» (At 4, 20)
Queridos irmãos e irmãs!
Quando experimentamos a força do amor de Deus, quando reconhecemos a sua presença de Pai na nossa vida pessoal e comunitária, não podemos deixar de anunciar e partilhar o que vimos e ouvimos. A relação de Jesus com os seus discípulos, a sua humanidade que nos é revelada no mistério da Encarnação, no seu Evangelho e na sua Páscoa mostram-nos até que ponto Deus ama a nossa humanidade e assume as nossas alegrias e sofrimentos, os nossos anseios e angústias (cf. Conc. Ecum. Vat II, Const. past. Gaudium et spes, 22). Tudo, em Cristo, nos lembra que o mundo em que vivemos e a sua necessidade de redenção não Lhe são estranhos e também nos chama a sentirmo-nos parte ativa desta missão: «Ide às saídas dos caminhos e convidai todos quantos encontrardes» (cf. Mt 22, 9). Ninguém é estranho, ninguém pode sentir-se estranho ou afastado deste amor de compaixão.
A experiência dos Apóstolos
A história da evangelização tem início com uma busca apaixonada do Senhor, que chama e quer estabelecer com cada pessoa, onde quer que esteja, um diálogo de amizade (cf. Jo 15, 12-17). Os Apóstolos são os primeiros que nos referem isso, lembrando inclusive a hora do dia em que O encontraram: «Eram as quatro da tarde» (Jo 1, 39). A amizade com o Senhor, vê-Lo curar os doentes, comer com os pecadores, alimentar os famintos, aproximar-Se dos excluídos, tocar os impuros, identificar-Se com os necessitados, fazer apelo às bem-aventuranças, ensinar de maneira nova e cheia de autoridade, deixa uma marca indelével, capaz de suscitar admiração e uma alegria expansiva e gratuita que não se pode conter. Como dizia o profeta Jeremias, esta experiência é o fogo ardente da sua presença ativa no nosso coração que nos impele à missão, mesmo que às vezes implique sacrifícios e incompreensões (cf. 20, 7-9). O amor está sempre em movimento e põe-nos em movimento, para partilhar o anúncio mais belo e promissor: «Encontramos o Messias» (Jo 1, 41).
Com Jesus, vimos, ouvimos e constatamos que as coisas podem mudar. Ele inaugurou – já para os dias de hoje – os tempos futuros, recordando-nos uma caraterística essencial do nosso ser humano, tantas vezes esquecida: «fomos criados para a plenitude, que só se alcança no amor» (Francisco, Carta enc. Fratelli tutti, 68). Tempos novos, que suscitam uma fé capaz de estimular iniciativas e plasmar comunidades a partir de homens e mulheres que aprendem a ocupar-se da fragilidade própria e dos outros (cf. ibid., 67), promovendo a fraternidade e a amizade social. A comunidade eclesial mostra a sua beleza, sempre que se lembra, com gratidão, que o Senhor nos amou primeiro (cf. 1 Jo 4, 19). Esta «predileção amorosa do Senhor surpreende-nos e gera maravilha; esta, por sua natureza, não pode ser possuída nem imposta por nós. (…) Só assim pode florir o milagre da gratuidade, do dom gratuito de si mesmo. O próprio ardor missionário nunca se pode obter em consequência dum raciocínio ou dum cálculo. Colocar-se “em estado de missão” é um reflexo da gratidão» (Francisco,Mensagem às Pontifícias Obras Missionárias, 21 de maio de 2020).
E, no entanto, os tempos não eram fáceis; os primeiros cristãos começaram a sua vida de fé num ambiente hostil e árduo. Histórias de marginalização e prisão entrelaçavam-se com resistências internas e externas, que pareciam contradizer e até negar o que tinham visto e ouvido; mas isso, em vez de ser uma dificuldade ou um obstáculo que poderia levá-los a retrair-se ou fechar-se em si mesmos, impeliu-os a transformar cada incómodo, contrariedade e dificuldade em oportunidade para a missão. Os próprios limites e impedimentos tornaram-se um lugar privilegiado para ungir, tudo e todos, com o Espírito do Senhor. Nada e ninguém podia permanecer alheio ao anúncio libertador.
Possuímos o testemunho vivo de tudo isto nos Atos dos Apóstolos, livro que os discípulos missionários sempre têm à mão. É o livro que mostra como o perfume do Evangelho se difundiu à passagem deles, suscitando aquela alegria que só o Espírito nos pode dar. O livro dos Atos dos Apóstolos ensina-nos a viver as provações unindo-nos a Cristo, para maturar a «convicção de que Deus pode atuar em qualquer circunstância, mesmo no meio de aparentes fracassos», e a certeza de que «a pessoa que se oferece e entrega a Deus por amor, seguramente será fecunda (cf. Jo 15, 5)» (Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 279).
O mesmo se passa connosco: o momento histórico atual também não é fácil. A situação da pandemia evidenciou e aumentou o sofrimento, a solidão, a pobreza e as injustiças de que já tantos padeciam, e desmascarou as nossas falsas seguranças e as fragmentações e polarizações que nos dilaceram silenciosamente. Os mais frágeis e vulneráveis sentiram ainda mais a sua vulnerabilidade e fragilidade. Experimentamos o desânimo, a deceção, o cansaço; e até a amargura conformista, que tira a esperança, se apoderou do nosso olhar. Nós, porém, «não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor, e nos consideramos vossos servos por amor de Jesus» (2 Cor 4, 5). Por isso ouvimos ressoar nas nossas comunidades e famílias a Palavra de vida que ecoa nos nossos corações dizendo: «Não está aqui; ressuscitou» (Lc 24, 6); uma Palavra de esperança, que desfaz qualquer determinismo e, a quantos se deixam tocar por ela, dá a liberdade e a audácia necessárias para se levantar e procurar, criativamente, todas as formas possíveis de viver a compaixão, «sacramental» da proximidade de Deus para connosco que não abandona ninguém na beira da estrada. Neste tempo de pandemia, perante a tentação de mascarar e justificar a indiferença e a apatia em nome dum sadio distanciamento social, é urgente a missão da compaixão, capaz de fazer da distância necessária um lugar de encontro, cuidado e promoção. «O que vimos e ouvimos» (At 4, 20), a misericórdia com que fomos tratados, transforma-se no ponto de referimento e credibilidade que nos permite recuperar e partilhar a paixão por criar «uma comunidade de pertença e solidariedade, à qual saibamos destinar tempo, esforço e bens» (Francisco, Carta enc. Fratelli tutti, 36). É a sua Palavra que diariamente nos redime e salva das desculpas que levam a fechar-nos no mais vil dos ceticismos: «Tanto faz; nada mudará!» Pois, à pergunta «para que hei de privar-me das minhas seguranças, comodidades e prazeres, se não vou ver qualquer resultado importante», a resposta é sempre a mesma: «Jesus Cristo triunfou sobre o pecado e a morte e possui todo o poder. Jesus Cristo vive verdadeiramente» (Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 275) e, também a nós, nos quer vivos, fraternos e capazes de acolher e partilhar esta esperança. No contexto atual, há urgente necessidade de missionários de esperança que, ungidos pelo Senhor, sejam capazes de lembrar profeticamente que ninguém se salva sozinho.
Como os apóstolos e os primeiros cristãos, também nós exclamamos com todas as nossas forças: «não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos» (At 4, 20). Tudo o que recebemos, tudo aquilo que o Senhor nos tem concedido, ofereceu-no-lo para o pormos a render doando-o gratuitamente aos outros. Como os apóstolos que viram, ouviram e tocaram a salvação de Jesus (cf. 1 Jo 1, 1-4), também nós, hoje, podemos tocar a carne sofredora e gloriosa de Cristo na história de cada dia e encontrar coragem para partilhar com todos um destino de esperança, esse traço indubitável que provém de saber que estamos acompanhados pelo Senhor. Como cristãos, não podemos reservar o Senhor para nós mesmos: a missão evangelizadora da Igreja exprime a sua valência integral e pública na transformação do mundo e na salvaguarda da criação.
Um convite a cada um de nós
O tema do Dia Mundial das Missões deste ano – «não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos» (At 4, 20) – é um convite dirigido a cada um de nós para cuidar e dar a conhecer aquilo que tem no coração. Esta missão é, e sempre foi, a identidade da Igreja: «ela existe para evangelizar» (São Paulo VI, Exort. ap. Evangelii nuntiandi, 14). No isolamento pessoal ou fechando-se em pequenos grupos, a nossa vida de fé esmorece, perde profecia e capacidade de encanto e gratidão; por sua própria dinâmica, exige uma abertura crescente, capaz de alcançar e abraçar a todos. Atraídos pelo Senhor e a vida nova que oferecia, os primeiros cristãos, em vez de cederem à tentação de se fechar numa elite, foram ao encontro dos povos para testemunhar o que viram e ouviram: o Reino de Deus está próximo. Fizeram-no com a generosidade, gratidão e nobreza próprias das pessoas que semeiam, sabendo que outros comerão o fruto da sua dedicação e sacrifício. Por isso apraz-me pensar que «mesmo os mais frágeis, limitados e feridos podem [ser missionários] à sua maneira, porque sempre devemos permitir que o bem seja comunicado, embora coexista com muitas fragilidades» (Francisco, Exort. ap. pós-sinodal Christus vivit, 239).
No Dia Mundial das Missões que se celebra anualmente no penúltimo domingo de outubro, recordamos com gratidão todas as pessoas, cujo testemunho de vida nos ajuda a renovar o nosso compromisso batismal de ser apóstolos generosos e jubilosos do Evangelho. Lembramos especialmente aqueles que foram capazes de partir, deixar terra e família para que o Evangelho pudesse atingir sem demora e sem medo aqueles ângulos de aldeias e cidades onde tantas vidas estão sedentas de bênção.
Contemplar o seu testemunho missionário impele-nos a ser corajosos e a pedir, com insistência, «ao dono da messe que mande trabalhadores para a sua messe» (Lc 10, 2), cientes de que a vocação para a missão não é algo do passado nem uma recordação romântica de outrora. Hoje, Jesus precisa de corações que sejam capazes de viver a vocação como uma verdadeira história de amor, que os faça sair para as periferias do mundo e tornar-se mensageiros e instrumentos de compaixão. E esta chamada, fá-la a todos nós, embora não da mesma forma. Lembremo-nos que existem periferias que estão perto de nós, no centro duma cidade ou na própria família. Há também um aspeto da abertura universal do amor que não é geográfico, mas existencial. Sempre, mas especialmente nestes tempos de pandemia, é importante aumentar a capacidade diária de alargar os nossos círculos, chegar àqueles que, espontaneamente, não sentiria como parte do «meu mundo de interesses», embora estejam perto de nós (cf. Francisco, Carta enc. Fratelli tutti, 97). Viver a missão é aventurar-se no cultivo dos mesmos sentimentos de Cristo Jesus e, com Ele, acreditar que a pessoa ao meu lado é também meu irmão, minha irmã. Que o seu amor de compaixão desperte também o nosso e, a todos, nos torne discípulos missionários.
Maria, a primeira discípula missionária, faça crescer em todos os batizados o desejo de ser sal e luz nas nossas terras (cf. Mt 5, 13-14).
Roma, em São João de Latrão, na Solenidade da Epifania do Senhor, 6 de janeiro de 2021.
“Vocês, consagradas, são uma presença insubstituível na grande comunidade a caminho que é a Igreja. Eu gosto de pensar que vocês consagradas são uma extensão da presença feminina que caminhava com Jesus e os Doze, partilhando a missão e dando sua contribuição particular”, disse hoje, 11 de Out, o papa Francisco durante uma audiência no Vaticano.
A Comunidade Emanuel reúne todos os estados de vida (solteiros, casais, consagrados no celibato pelo Reino, padres), entre os quais várias centenas de consagradas no celibato pelo Reino. A viver em Portugal, temos atualmente 4, todas mulheres: a Ana, a Maria Helena, a Maria José e a Sílvia.
E aqui está o tão esperado encontro de 9 de Outubro! Será presencial em Lisboa (igreja de São Jorge de Arroios) e em Coimbra (CASA) ou via zoom caso estejas longe de um dos sítios! Não percas! Desafia-te e convida amigos!! Bora lá! Link inscrições ⬇️ https://forms.gle/wPsHVwNzRwsytHew6
A Eucaristia é um lugar usual para a efusão do Espírito Santo. É o que Jean-Luc Moens procurou explicar durante a sua intervenção no Congresso Eucarístico Mundial, que aconteceu de 5 a 12 de setembro de 2021 em Budapeste. Veja o vídeo e o texto de seu ensinamento.
A Eucaristia é um Pentecostes contínuo onde o Espírito Santo enviado pelo Pai realiza o milagre da transubstanciação, a transformação do pão e do vinho no Corpo e no Sangue de Jesus Cristo. Quando nos comunicamos , diz São João Paulo II, “Cristo também nos comunica o seu Espírito” ( Ecclesia de Eucharistia, § 17). Quando comemos o Corpo de Cristo, confirma Santo Efrém, comemos o Espírito Santo com ele. Cada Eucaristia é, portanto, uma efusão do Espírito Santo. É importante descobri-lo para poder vivê-lo plenamente e, na fé, deixar-nos transformar pelo Espírito. Se, como dizia São Serafim de Sarov, “a verdadeira meta da vida cristã consiste em adquirir o Espírito Santo de Deus”, então a Eucaristia é um lugar privilegiado para cumprir a nossa vocação.
1. Não há sacramentos sem o Espírito Santo
Para começar esta encruzilhada na Eucaristia e no Espírito Santo, parece-me importante sublinhar que o Espírito Santo está agindo em todos os sacramentos. Estes são os meios usuais imaginados por Deus desde toda a eternidade para nos encher com seu Espírito – o Espírito que nos purifica e deifica. O sinal que a liturgia nos dá desta ação do Espírito Santo nos sacramentos é o que se chama epiclese (do grego klesis -appel et épi-on: invocar o Espírito Santo em …). Cada sacramento tem uma ou mais epicleses, muitas vezes acompanhadas da imposição das mãos, que lembra o gesto que Jesus fez quando rezou pelos enfermos. Esta imposição de mãos é claramente visível durante uma confirmação ou ordenação – diaconal, presbiteral ou episcopal. Também existe, mais discretamente, no batismo, na confissão, no casamento ou no sacramento dos enfermos. Por exemplo, antes de dar a absolvição a uma pessoa que confessa, o sacerdote estende a mão sobre a cabeça para mostrar claramente que a purificação de seu coração acontecerá por uma nova descida do Espírito. Da mesma forma, depois de testemunhar seu compromisso final,
No caso da Eucaristia, existem várias epicleses.
2. Eucaristia e Espírito Santo
A primeira epiclese da Eucaristia
Para ilustrar a primeira epiclese da Eucaristia, gostaria de mostrar a vocês um pequeno vídeo feito em Lourdes no dia 7 de novembro de 1999. Foi durante uma missa presidida pelo Bispo Billé, então presidente da Conferência Episcopal Francesa. Os concelebrantes foram o cardeal Lustiger e o bispo Eyt, assim como todos os bispos franceses.
Você verá isso no momento da primeira epiclese, ou seja, quando o Bispo Billé disse “santifica estas ofertas derramando o teu Espírito sobre elas”. Que se tornem para nós o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo nosso Senhor ”(Oração Eucarística II): a hóstia se levanta e começa a levitar. Podemos vê-lo subindo alguns centímetros acima da patena. Ela fica assim por longos minutos. As imagens não são falsas, os cinegrafistas afirmam ter filmado o fenômeno!
Projeção de vídeo:
O que acabamos de ver neste pequeno vídeo não está listado como um milagre eucarístico, porque a Igreja não se pronunciou oficialmente sobre este fenômeno. Mas ainda podemos interpretar o que vimos como um sinal. É o sinal da presença do Espírito no momento da primeira epiclese da Missa, quando o celebrante diz, impondo as mãos sobre o pão e o vinho: “Santifica estas ofertas, derramando o teu Espírito sobre elas”. É o Espírito Santo enviado pelo Pai que realiza o milagre da transformação do pão e do vinho no Corpo e Sangue de Jesus. É interessante notar que, para os orientais, a transubstanciação ocorre precisamente durante esta epiclese, enquanto para a liturgia latina é antes no momento em que o sacerdote pronuncia as palavras de Cristo: “Este é o meu corpo” e “Este é meu sangue ” .
A segunda epiclese da Eucaristia: uma oferta de glória
Há também, em cada Eucaristia, uma segunda epiclese menos visível porque não é acompanhada por um gesto do sacerdote como é a primeira em que ele coloca as mãos sobre o pão e o vinho. Aqui está, por exemplo, a dupla epiclese da Oração Eucarística III:
Quando formos nutridos com seu corpo e seu sangue e cheios do Espírito Santo, conceda-nos ser um corpo e um espírito em Cristo. Que o Espírito Santo nos faça uma oferta eterna para sua glória.
A obra do Espírito Santo é criar comunhão, a unidade do Corpo Místico da Igreja, para nos tornar um só corpo. Ele também nos dá a possibilidade de nos oferecermos ao Pai como sacrifício de ação de graças de Jesus, com ele e nele, como proclamado pela Doxologia final, para nos tornarmos uma oferenda eterna de glória, que se realizará plenamente no céu. Em cada Eucaristia, o Espírito Santo, portanto, dá-nos um antegozo do céu, unindo-nos e permitindo-nos ser oferendas para a glória do Pai.
Não sei se estamos suficientemente cientes desta obra de unidade e comunhão que o Espírito Santo realiza em cada Eucaristia. Em nossa sociedade individualista, talvez tenhamos a tendência de viver a Eucaristia de uma maneira muito exclusivamente individual: “meu” Jesus e eu. O relacionamento pessoal que podemos ter com Jesus é obviamente desejável e bom. Porém, às vezes estamos tão focados no fato de que Jesus se vai doar a nós em seu Corpo e em seu Sangue, que podemos esquecer que ele se doa também a outros que participam conosco da Eucaristia.
Sugiro que você tenha uma pequena experiência simples na próxima Eucaristia da qual participará. Em um determinado momento, por exemplo, no beijo ou no sinal da paz, olhe para as pessoas ao seu redor enquanto faz esta oração:
“Senhor Espírito Santo, tu estás a fazer de todos nós, todas as pessoas que participam nesta Eucaristia, um só corpo para a tua glória! Você nos reúne aqui para experimentar um antegozo do céu em comunhão. Lá nos encontraremos novamente e este momento de comunhão que vivemos hoje nesta Eucaristia será levado à sua perfeição para a eternidade. Glória a você pelo seu trabalho em todos nós! “
Presença ativa do Espírito Santo
A Eucaristia é, portanto, um dos lugares por excelência onde o Espírito Santo está presente e ativo. Vários místicos experimentaram fortemente a presença do fogo do Espírito no sacramento da Eucaristia. Assim, por exemplo, durante a Eucaristia, Catarina de Sena, doutora da Igreja, viu o altar rodeado de chamas como as da sarça ardente e, no meio do fogo, o Espírito Santo em forma de pomba. Quando ela recebeu a comunhão, o anfitrião pareceu-lhe ser um carvão em brasa que entrou nela como uma faísca de fogo. Esta visão de Catarina confirma as afirmações de dois outros doutores da Igreja, São João Crisóstomo e São João Damasceno.
“Não é o sacerdote que faz alguma coisa, mas é a graça do Espírito que brota nele, o cobre com as suas asas e realiza o sacrifício místico.”
“Você pergunta como o pão se torna Corpo de Cristo, e o vinho […] Sangue de Cristo? Digo-vos: o Espírito Santo irrompe e realiza aquilo que ultrapassa todas as palavras e todos os pensamentos […]. Basta-vos ouvir que foi pelo Espírito Santo, assim como foi da Santíssima Virgem e do Espírito Santo que o Senhor, por si e em si, assumiu a carne [3] . “
A analogia que João Damasceno faz é interessante: assim como o Espírito Santo engendrou o corpo do Unigênito no seio de Maria, ele transforma o pão no Corpo de Cristo e o vinho no seu Sangue. Eles são dois mistérios comparáveis. A diferença é que a primeira só aconteceu uma vez, a segunda acontece todos os dias em todos os altares do mundo.
A Eucaristia é, portanto, um dos lugares onde o Espírito Santo atua com força e, portanto, também um lugar privilegiado para receber cada vez mais o seu fogo, para renovar na fé o dom que recebemos no baptismo e na confirmação. Podemos dizer que a Eucaristia é um Pentecostes permanente, um lugar onde não só acolhemos Jesus que se doa a nós, mas também o seu Espírito Santo que o acompanha. São João Paulo II insiste neste ponto na encíclica Ecclesia de Eucharistia :
“Pela comunhão com o seu corpo e com o seu sangue, Cristo também nos comunica o seu Espírito . Santo Efrém escreve: “Ele chamou o pão de seu corpo vivo, ele o encheu de si mesmo e de seu Espírito . […] E quem come com fé, come do Fogo e do Espírito […]. Pegue-o, todos comam e comam o Espírito Santo com ele. É realmente meu corpo e quem o comer viverá para sempre. “Na epiclese eucarística, a Igreja pede este dom divino, fonte de todos os outros dons. Lemos, por exemplo, na Divina Liturgia de São João Crisóstomo: “Nós te invocamos, te pedimos e te pedimos: envia teu Espírito Santo sobre todos nós e sobre estes dons, […] para que aqueles que take it share obtenha a purificação da alma, a remissão dos pecados e o dom do Espírito Santo. ”E no Missal Romano o celebrante pergunta:“ Quando formos nutridos com seu corpo e seu sangue e cheios do Espírito Santo, concede-nos ser um só corpo e um só espírito em Cristo. ”Assim, pelo dom do seu corpo e do seu sangue, Cristo faz aumentar em nós o dom do seu Espírito., já recebido no Baptismo e oferecido como “selo” no sacramento da Confirmação . “
Permitam-me sublinhar esta afirmação de São João Paulo II: quem come do corpo de Cristo também come do Espírito Santo. Jesus não vem nos visitar sozinho. Ele vem acompanhado do Espírito Santo. Cada comunhão é uma efusão do Espírito Santo. Cada Eucaristia é um Pentecostes! Ao receber o corpo de Cristo, também recebemos seu Espírito. Poucos cristãos, parece-me, estão cientes disso. Muitos de nós focamos no dom do Corpo e Sangue de Jesus. Eles não estão errados, é claro. Mas não devemos esquecer o Espírito Santo que é dado ao mesmo tempo. É dado, mas também devemos recebê-lo! Parece-me que na comunhão e na ação de graças que se segue, seria fecundo orar também ao Espírito Santo, para lhe dar lugar no coração, para nos deixar transformar por ele.
3. Nossa participação na obra da graça
Acabo de desenvolver a beleza da Eucaristia e a obra do Espírito Santo nela. Podemos nos perguntar: por que tantos batizados não são sensíveis a este dom, a esta graça extraordinária que é a Eucaristia? Sabemos que a porcentagem de cristãos praticantes entre os batizados é muito baixa. Antes, definíamos os praticantes como aqueles que iam à missa todos os domingos. Agora, chamamos de praticantes aqueles que vão à missa regularmente, por exemplo, uma vez por mês … Com a pandemia de Covid 19, também há uma erosão do último quadrado de praticantes. Na minha paróquia, que é uma paróquia dinâmica com muitas famílias jovens, os padres estão sofrendo. Um deles me confidenciou que, com o bloqueio, as pessoas se acostumaram a assistir à missa dominical pela internet;
Como explicar este desinteresse de tantos cristãos pelo maravilhoso dom que Jesus lhes deu da Eucaristia?
Para responder a essa pergunta, gostaria de destacar duas coisas:
Lembre-se da doutrina católica sobre os sacramentos;
A necessidade de se abrir mais ao Espírito Santo.
Lembrete sobre os sacramentos
Os sacramentos não são ritos mágicos que atuariam automaticamente sem a colaboração de quem os recebe. Para serem plenamente eficazes, os sacramentos requerem nossa colaboração, nossa abertura, nossa participação. É, portanto, uma sinergia entre a onipotência de Deus e nossa liberdade humana.
É por isso que a teologia sacramental distingue entre a ação de Deus e a resposta do homem. A ação de Deus é chamada opus operatum , a ação realizada, e o que depende da liberdade do homem é chamada opus operantis , a ação a ser realizada. O CEC explica no número 1128 :
Os sacramentos agem ex opere operato (literalmente: “pelo próprio fato de que a ação é realizada”), isto é, em virtude da obra salvífica de Cristo, realizada de uma vez por todas. Segue-se que “o sacramento não é realizado pela justiça de quem o dá ou recebe, mas pelo poder de Deus” (S. Thomas d’A., S. Th. 3, 68, 8). […] Porém, os frutos dos sacramentos também dependem das disposições de quem os recebe.
Por exemplo, se uma pessoa recebe o sacramento do casamento ou ordem enquanto está em pecado mortal, ela não pode receber nenhuma graça desses sacramentos. Mas se ela se converte, se ela confessa, então os sacramentos recebidos são reativados, podem ser implantados sem obstáculos e trazer as graças que contêm porque Deus é fiel e não retira seus dons. Este exemplo mostra claramente que a eficácia dos sacramentos depende de quem a recebe, embora Deus sempre atue plenamente no sacramento.
Também no batismo a participação ativa do destinatário do sacramento desempenha um papel. Para as crianças pequenas, é a fé dos pais, padrinhos e madrinhas que permite que o sacramento se realize plenamente. É assim que, no baptismo, a criança é salva do pecado original, recebe o dom das virtudes teológicas (fé, esperança e caridade) e torna-se filho de Deus. Isso é alcançado por meio da ação eficaz do Espírito Santo. Mas é claro que a criança terá que se apropriar dos dons recebidos, principalmente por meio de sua fé pessoal. É por isso que o batismo é considerado um sacramento “vinculado”, no sentido de que seu fruto pode não ser plenamente experimentado pelo batizado. Mas cabe a ele pedir a graça de liberar totalmente os dons recebidos para viver plenamente desde o seu batismo.
É o mesmo na Eucaristia. Durante a primeira epiclese, a transformação realizada pelo Espírito Santo do pão e do vinho no Corpo e Sangue de Jesus Cristo não depende da santidade do sacerdote nem da resposta dos fiéis que dela participam. É a obra de Deus. A hóstia consagrada e o vinho são de fato o Corpo e o Sangue de Cristo, independentemente da fé da assembléia. Por outro lado, o cumprimento da segunda epiclese depende do coração dos fiéis que participam da Eucaristia. Eles estão prontos para se oferecer para se tornarem um só corpo e uma oferta eterna para a glória do Pai?
A questão, portanto, diz respeito à recepção que os fiéis farão do dom que o Espírito Santo lhes concede na Eucaristia. É por isso que São Paulo nos avisa:
Portanto, quem comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente terá que responder pelo corpo e pelo sangue do Senhor. Que cada um, portanto, teste a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice; pois aquele que come e bebe, come e bebe sua própria condenação, a menos que discerne o Corpo. (1 Cor 11, 27-29)
As palavras de Paulo são muito fortes! Se participamos da Eucaristia indignamente, por exemplo em estado de pecado mortal ou sem ter fé na presença real (discernindo o Corpo … de Cristo), comemos e bebemos nossa própria condenação.
Não quero assustá-lo com estas palavras de Paulo, nem torná-lo escrupuloso a ponto de hesitar em receber o dom da Eucaristia. Jesus arde sempre com o desejo de doar-se a nós na sua Eucaristia e sabe que somos fracos e pecadores. Só quero salientar que nossa liberdade está envolvida em como O recebemos. E sempre há espaço para melhorias nessa área. Um dos meios à nossa disposição é nos abrirmos mais ao Espírito Santo. Como a Eucaristia é obra do Espírito Santo, também é ele quem pode ajudar-nos a participar dela cada vez mais dignamente. Este é meu próximo ponto.
Abra-se para o Espírito Santo
Estou convencido de que, se muitos cristãos não perceberam a extraordinária beleza da Eucaristia, é porque também não descobriram o Espírito Santo como pessoa ativa em suas vidas. Posso testemunhar que, pela minha parte, foi esta descoberta que me tornou um amante da Eucaristia que quero viver todos os dias e não apenas aos domingos.
Nasci em uma família cristã, pelo menos minha mãe era uma praticante convicta. Ela me ensinou a orar. Ela me levava à missa todos os domingos. Eu fui para uma escola católica cujo diretor, um santo sacerdote, era um amante do Espírito Santo. Foi ele quem me preparou para o sacramento da confirmação.
Portanto, sempre fui um cristão praticante, mas durante minha adolescência tive muitas perguntas sobre a existência de Deus e sobre Jesus. Isso não me impediu de continuar a ir à missa todos os domingos, o que – creio eu – foi uma grande graça.
Quando conheci aquela que se tornaria minha esposa, ela me levou para sua paróquia e foi lá que descobri a Renovação Carismática, que estava no seu início. Depois de muita resistência, decidi pedir a oração pelo batismo no Espírito que também é chamado de derramamento do Espírito. É uma experiência que consiste em viver plenamente as graças do próprio baptismo. Em muitos casos, não vivemos plenamente as graças recebidas em nosso batismo. É como se tivéssemos uma magnífica adega, mas nunca descêssemos para beber as garrafas. O Baptismo no Espírito consiste em descer à sua adega e começar a beber as garrafas, ou seja, viver plenamente os dons que recebemos no nosso baptismo e deixar-nos guiar de uma nova forma pelo Espírito Santo.
Depois de receber esse derramamento do Espírito, minha vida começou a mudar aos poucos. Em primeiro lugar, Jesus se tornou uma pessoa viva em minha vida. Eu queria ouvi-lo, falar com ele, orar para ele. De repente, a Bíblia – a Palavra de Deus – tornou-se central em minha vida. Com tudo isso, os sacramentos se tornaram verdadeiramente fontes vitais para mim. Como é o Espírito Santo quem atua nos sacramentos, e especialmente como vimos na Eucaristia, não é de estranhar que, ao me abrirem mais a este Espírito, os sacramentos tenham mudado. Cor: tornaram-se para mim verdadeiros locais de encontro com o Cristo Ressuscitado. Esta é a obra do Espírito Santo.
Digo-vos este testemunho porque estou convencido de que a chave para a verdadeira devoção eucarística é a abertura ao Espírito Santo. É o Espírito Santo que atua na Eucaristia, é ele – como vimos – quem transforma o pão e o vinho no Corpo e no Sangue de Jesus Cristo. É lógico pensar que também é ele quem pode nos ajudar a descobrir todas as riquezas ocultas.
Não pense que estou absolutizando a experiência pessoal. Somos 120 milhões de católicos que fizeram esta experiência de batismo no Espírito. Nosso Papa Francisco também descobriu esta graça. Ele repetidamente pediu àqueles que tiveram essa experiência que a compartilhassem com a Igreja. Aqui está um exemplo desse pedido que ele fez na véspera de Pentecostes de 2019 ao lançar CHARIS, o novo serviço que ele queria para a Renovação Carismática Católica:
Você me pediu para dizer o que o Papa e a Igreja esperam deste novo serviço, de CHARIS e de toda a Renovação Carismática. […] O que o Papa espera de você: que este movimento compartilhe o batismo no Espírito com todos na Igreja . É a graça que você recebeu. Compartilhe! Não guarde isso para você! (8 de junho de 2019)
Mais recentemente, o Cardeal Raniero Cantalamessa, pregador da Casa Pontifícia e assistente eclesiástico de CHARIS, comentou este pedido do Papa perante toda a Cúria Romana. Ele disse [8] :
Uma das formas pelas quais o Espírito se manifesta hoje fora dos canais institucionais da graça é chamada de “Batismo no Espírito”. Menciono isso aqui sem qualquer intenção de proselitismo, mas em resposta à exortação que o Papa Francisco freqüentemente dirige a todos aqueles da Renovação Carismática Católica para compartilhar com todo o povo de Deus esta “corrente de graça” em que vivemos. O Batismo do Espírito.
A expressão “Batismo no Espírito” vem do próprio Jesus. Referindo-se ao próximo Pentecostes, antes de subir ao céu, ele disse aos seus apóstolos: “Enquanto João batizava com água, vós, é no Espírito Santo que em breve sereis batizados. De dias” (Atos 1: 5). É um rito que não é esotérico, mas consiste em gestos de grande simplicidade, calma e alegria, acompanhados de atitudes de humildade, arrependimento, disponibilidade para se tornarem filhos.
É uma renovação e uma atualização não só do batismo e da confirmação, mas de toda a vida cristã: para os esposos, do sacramento do matrimônio; para os sacerdotes, de sua ordenação sacerdotal; para as pessoas consagradas, da sua profissão religiosa. O interessado prepara-se para isso, além de uma boa confissão, participando nas reuniões catequéticas, durante as quais é recolocado em contato vivo e alegre com as principais verdades e realidades da fé: o amor de Deus, o pecado, a salvação, vida nova, transformação em Cristo, carismas, frutos do Espírito. O fruto mais frequente e importante é a descoberta do que significa ter “uma relação pessoal” com Jesus ressuscitado e vivo.
Veja, esta experiência é simples e aberta a todos
Qualquer que seja o nosso estado de vida, casado, celibatário, religioso ou sacerdote,
Qualquer que seja a situação de nossa vida espiritual, inicial ou mais avançada,
Seja qual for a nossa idade, jovem ou velho …
Por que o Papa Francisco deseja que o maior número possível de pessoas batizadas receba o batismo no Espírito? É porque compreendeu que esta experiência leva quem a fez a viver a sua vida cristã de uma forma mais empenhada, plena, mais disponível à acção do Espírito Santo na sua vida quotidiana. É simplesmente uma questão de viver plenamente as graças recebidas no nosso batismo: de pedir ao Espírito Santo que desamarre o que ainda está vinculado neste sacramento. E esse é o sonho do Papa para cada um de nós: que sejamos cristãos plenamente realizados!
O Cardeal Cantalamessa ousou convidar toda a Cúria Romana a fazer esta experiência, a receber esta efusão do Espírito:
O “batismo no Espírito” provou ser uma maneira simples e poderosa de renovar a vida de milhões de crentes em quase todas as igrejas cristãs. Já não podemos contar o número de pessoas que eram cristãs apenas no nome e que, graças a esta experiência, se tornaram cristãs de facto, dedicadas à oração de louvor e aos sacramentos, ativas na evangelização e prontas a assumir tarefas pastorais no freguesia. Uma verdadeira conversão da mornidão ao fervor! Você teria que dizer a si mesmo o que Agostinho repetia para si mesmo, quase indignado, ouvindo as histórias de homens e mulheres que, em seu tempo, abandonaram o mundo para se dedicarem a Deus: “ Si isti et istae, cur non ego? … ” Se sim, por que não eu também?
Por que não eu ?
Por que eu não pediria ao Espírito Santo para ocupar mais lugar em minha vida, para me iluminar, para me guiar, para me ajudar?
São Serafim de Sarov, um santo ortodoxo, disse: “O verdadeiro objetivo da vida cristã é a aquisição do Espírito Santo de Deus. É um trabalho para toda a vida. O dom de Deus nunca se esgota. Deus sempre quer se dar mais. Qualquer que seja o estágio que tenhamos alcançado em nossa vida espiritual, o Espírito Santo ainda não terminou sua obra; ele quer se entregar a nós sem limites. E nós, estamos prontos para recebê-lo, para deixá-lo fazer isso, para sermos queimados, consumidos pelo seu amor?
4. A Eucaristia, um Pentecostes contínuo
Se quisermos crescer no conhecimento do Espírito Santo, se quisermos recebê-lo cada vez mais, podemos pedir para experimentar o batismo no Espírito de que fala o Cardeal Raniero Cantalamessa, aproximando-se de um grupo de oração da Renovação Carismática. Mas também há um lugar especialmente indicado para viver este novo Pentecostes pessoal: a Eucaristia!
Como disse no início desta intervenção, a Eucaristia é um Pentecostes contínuo, um lugar privilegiado para a ação do Espírito Santo. Então, por que não decidir agora viver conscientemente todas as nossas Eucaristias como efusão do Espírito Santo? Em cada Eucaristia, estão reunidas todas as condições para fazer esta experiência:
Conversão pessoal com a confissão dos pecados no início da Missa: humildemente pedimos perdão ao Senhor por todas as nossas faltas, nossas recusas de amor;
Ouvir a Palavra onde podemos nos deixar ser ensinados pelo Senhor;
A nossa oferta: no ofertório, podemos exercer o nosso sacerdócio baptismal, oferecendo «as nossas pessoas como hóstias vivas, santas e agradáveis a Deus» (Rm 12,1);
No momento da epiclese, pede ao Espírito Santo que desça também sobre nós ao mesmo tempo que “santifica as ofertas” (Oração Eucarística II). Que ele nos santifique, nos transforme, nos permita arder de amor, porque ele é Amor.
Na hora da comunhão, para receber o Corpo de Cristo no qual o Espírito resplandece, ou, como dizia Santo Efrém, para comer o Espírito Santo. Aqui, o agradecimento silencioso é muito importante; permite-nos dar tempo à graça para que se desenvolva em nós e dê todos os frutos que podemos esperar da nossa participação na Eucaristia.
Sugiro que agora você viva cada Eucaristia desta forma, em total disponibilidade ao Espírito Santo. Que cada Eucaristia se torne para você um novo Pentecostes pessoal. Posso dizer-lhe que isso vai agradar a Jesus, que ansiava por nos dar o seu Espírito Santo. Mas também transformará o seu modo de viver a comunhão eucarística: o Espírito Santo vai ensiná-lo a receber Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem que vem visitar-vos.
As coisas não vão acabar aí. Se você viver cada Eucaristia como um novo Pentecostes, toda a sua vida mudará. Você verá a ação do Espírito Santo se desdobrar com força em sua vida para alcançar a meta que o Senhor nos propõe: a santidade.
“Seguindo o exemplo do Santo que te chamou, também tu te tornas santo em toda a tua conduta, como está escrito: ‘Sereis santo, porque eu sou santo.’ » (1 P 1, 15-16).
O Espírito Santo é santo e é ele quem faz os santos! Deixemo-nos ser feitos por ele para levar alegria ao pai.
Concluiu-se no passado dia 23 de setembro de 2021, em Kigali (Ruanda), a fase diocesana do inquérito de reputação de martírio de Cipriano e Daphrose Rugamba e das 7 crianças mortas com eles.
Se a Igreja reconhecer o martírio, e tudo parece indicar que o fará, é uma família inteira que pode ser beatificada, oferecendo aos casais e às famílias um lindo modelo cheio de esperança para passar, com a graça de Deus, pelas dificuldades da vida quotidiana.
Se assim o desejar, poderá conhecer a história do martírio desta família através do vídeo que aqui partilhamos: o vídeo está legendado em português mas poderá acontecer que tenha que ativar as legendas, em princípio no canto inferior direito.
Algumas imagens do encerramento da fase diocesana do julgamento de beatificação de Cipriano e Daphrose Rugamba e das crianças mortas com eles, no passado dia 25 de setembro de 2021:
Oração para a Beatificação de Cipriano e Daphrose Rugamba e seus filhos mortos com eles:
Pai Santo, Nós te rogamos pela beatificação dos servos de Deus Cipriano e Daphrose Rugamba e pelas crianças mortas com eles. Dai-nos, por intercessão deles, ter sempre, como eles, um coração ardente de amor por ti, um zelo incessante pela adoração, uma compaixão agindo por todos os que sofrem. Concedei-nos que nos doemos sem contar ao serviço da evangelização das famílias e dos pobres. Em comunhão com Cipriano e Daphrose Rugamba, entregamo-Vos especialmente os casais que enfrentam dificuldades conjugais e as pessoas que sentem pena de perdoar seus inimigos e pedimos que façais de nós mesmos instrumentos da vossa paz. Em comunhão com as crianças mortas com eles, rogamos a vós por todos os pequenos, especialmente crianças, vítimas de maus tratos e violência. Por intercessão dos servos de Deus, nós ousamos pedir-Vos, segundo a vossa vontade, a graça de… (expressa-se uma oração) Senhor, concedei-nos a paz e a graça que com fé nós te pedimos. Amém.
No domingo 19 de Setembro, 26 adolescentes reuniram-se em Fátima para um dia de reencontro, amizade, oração e formação.
O que poderia ser mais dinâmico do que um grande louvor matinal para começar o dia? Os 26 adolescentes e os 7 adultos que os acompanhavam começaram o dia com o som da guitarra e da precursão, agradecendo a Deus pelos dons que Ele nos dá.
Após uma breve conversa sobre o tema do serviço, e uma reflexão sobre os nossos medos e dúvidas no início do ano, os jovens colocaram as suas intenções aos pés de Nossa Senhora de Fátima Valinhos.
Também tiveram um tempo de partilha em pequenos grupos, que consideraram bem mais reais, interessantes e dinâmicos do que os que tiveram este ano online!
Um belo dia que encheu os adolescentes de entusiasmo para este novo ano.
Enquanto todos são convidados a fazer uma experiência pessoal do amor do Coração de Jesus em Paray, o sacerdote experimenta isso de uma maneira muito específica como ministro da misericórdia de Deus. Testemunho do Padre Paul-Marie de Brunhoff publicado no boletim francês Sacerdotes e Seminaristas de setembro de 2021.
Durante este verão, tive a alegria de participar em duas sessões organizadas pela Comunidade Emmanuel em Paray-le-Monial. A experiência foi muito forte e muito bonita! Vir a Paray para recarregar as baterias, para servir ao Senhor e aos nossos irmãos ali, é um evento imperdível de verão que (re) energiza profundamente a nossa fé. Claro, isso vale para todos … Mas ah, quanto mais para um padre!
“O sacerdócio é o amor do Coração de Jesus”, disse o Santo Cura d’Ars. Se todos são convidados a fazer uma experiência pessoal do amor do Coração de Jesus em Paray – especialmente na adoração e na confissão eucarística – o sacerdote vive isso de maneira muito específica como ministro da misericórdia de Deus. Com humildade e pobremente, ele coloca-se à disposição de Cristo, o único que atua na alma de quem vem recorrer à sua misericórdia. O sacerdote é, portanto, a testemunha privilegiada da miséria humana, mas sobretudo da misericórdia divina.
De forma muito concreta, as mais belas graças que recebo em Paray como sacerdote estão quase sempre ligadas ao exercício do ministério da confissão. É um presente incrível que Deus dá aos homens para perdoar seus pecados por meio deste sacramento. E é um dom incrível que Deus dá ao sacerdote para fazê-lo participar desta obra de perdão. Ele não é digno disso, por si só. Ele não pode receber nenhum crédito por isso. Ele mesmo é um pecador entre os pecadores, e também precisa se confessar. Mas ele é escolhido e chamado por Cristo para ser a sua voz aqui em baixo, para que os fiéis possam ouvir, com seus ouvidos carnais: “Eu te perdoo todos os teus pecados”.
Nenhuma confissão é uma prática antiga – no sentido de antiquada e empoeirada … Quando nós, padres, passamos horas inteiras confessando todos os dias, durante as sessões em Paray, e às vezes até tarde na noite, vemos (re) nascer nos corações dos fiéis uma alegria profunda e uma esperança sólida que nos asseguram que não perdemos o nosso tempo!
Deve-se dizer que existe uma graça especial do lugar. Lá, Cristo manifestou seu louco amor pelos homens. Lá ele revelou os tesouros das graças do seu Coração ardente de amor. Aí nos deixa saborear a doçura da sua presença eucarística. Lá ele nos descobre seu Coração manso e humilde. Lá ele nos chama para confiarmos nele!
Eu gostaria de agradecer duplamente ao Senhor por esta experiência de verão em Paray! Por um lado, porque como baptizado recebi muitas graças que me revigoraram na minha fé e no baptismo. Por outro lado porque, como sacerdote, o Senhor me estabeleceu no meu sacerdócio, fazendo-me participar de sua obra de salvação. Glória a Ele por toda a eternidade!
Uns de passagem e outros para conhecer a Comunidade Emanuel por dentro, foi simpático podermos ter recebido e acolhido estes irmãos que não conhecíamos todos e que estiveram pela primeira vez num encontro comunitário em Portugal.
Tudo aconteceu no passado dia 19 de setembro em Fátima, após um longo jejum durante o qual, como toda a gente, nos tivemos que cingir a encontros online via Zoom e outras plataformas.
Decorreu durante os dias 18 e 19 de setembro de 2021, em Fátima, a 54ª Assembleia do Renovamento Carismático Católico.
Deixamos aqui o programa e um link para as transmissões feitas pela Comunidade Canção Nova, uma comunidade nossa irmã no apostolado.
Destacamos a participação na Ana e do Ernesto Santos que, em representação da Comunidade Emanuel fizeram uma pequena apresentação durante do Domingo de manhã (no vídeo, por volta do minuto 50)
Depois de ano e meio de encontros online por Zoom e muito suporte na oração, este encontro teve um sabor muito especial: finalmente, uma atividade presencial e com uma praia fluvial quase privativa.
Por conta das vacinas e de um ou outro imprevisto de última hora, não estiveram todos os que se tinham inscrito – estiveram 12.